Com aumento de casos de dengue, cresce demanda por vacina na rede privada do DF e de MG
BRASIL
Publicado em 05/02/2024

Com a alta de casos de dengue registrada no mês de janeiro, a procura pela vacina contra a dengue — a Qdenga, desenvolvida pelo laboratório japonês Takeda —  na rede privada de saúde cresceu no Distrito Federal, unidade da federação mais afetada pela doença. 

Na rede de laboratórios Sabin, em Brasília, a vacinação com a Qdenga foi suspensa. Segundo o laboratório, o motivo foi a “alta procura da vacina e indisponibilidade de fornecimento pelo fabricante”. 

A médica especialista em Medicina Laboratorial e Imunização e sócia fundadora da VACSIM, de Belo Horizonte (MG), diz que a clínica também não tem mais doses. As 500 disponíveis no mês de janeiro foram aplicadas e a clínica não conseguiu reabastecer o estoque. Segundo a médica, a procura foi aumentando.

“A vacina foi lançada em junho, disponibilizada na rede privada em agosto de 2023. E a procura super tímida, muito lenta… E de repente dezembro transformou toda essa demanda e nós tivemos um aumento vultuoso da procura pela vacina de dengue — essa que está disponível no Brasil, a Qdenga.”

A vacina Qdenga possui em sua composição as quatro variantes do vírus causador da doença. O registro do imunizante foi aprovado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) em março deste 2023. A vacina é  recomendada para as pessoas  entre 4 a 60 anos e deve ser administrada em duas doses, com intervalo de três meses. Todas as pessoas, mesmo aquelas que já tiveram dengue, poderão receber a vacina.

De acordo com dados do Ministério da Saúde, o país já registrou 262.247 casos prováveis da doença em 2024. Também foram notificadas 29 mortes pela doença e 173 mortes estão sob investigação.

As regiões mais afetadas pela doença são: Sudeste e Centro-Oeste. Dentre as unidades da federação, Minas  Gerais, São Paulo, Distrito Federal e Rio de Janeiro apresentam as maiores taxas de casos prováveis. 

Quanto custa a vacina da dengue?

Conforme levantamento realizado pelo Brasil 61, os valores da dose da vacina da dengue variam hoje de R$ 380 e R$ 470, ou seja, o esquema completo fica de R$ 792 a R$ 940.

Nas clínicas do grupo Fleury, presente em 12 estados e no Distrito Federal, o preço de cada dose varia de R$ 400 e R$ 470 — dependendo da região. 

Já nas clínicas Clivac, em Brasília, o imunizante contra a dengue está sendo comercializado entre R$ 396 e R$ 412. Na rede Neocentro, presente nas cidades de Uberlândia (MG), Curitiba (PR) e em Brasília (DF), o valor da vacina varia entre R$ 400 e R$ 450.

Em Belo Horizonte, o preço varia de R$ 380 a R$ 400 reais, com desconto à vista de 5%, ou parcelamento.

O servidor público Orlando Rodrigues de Almeida, de 42 anos, conta que adquiriu a vacina contra a dengue para o filho no ano passado. 

“A primeira dose ele tomou em setembro. Paguei R$ 428. A segunda dose, ele tomou em dezembro e eu paguei R$ 400. Estava um preço mais em conta. Tudo eu comprei no Sabin. Eu, inclusive, queria tomar também, mas deixei para tomar depois porque não deu para pagar para mim e para o meu filho, então eu priorizei meu filho”, relata.

Dengue no Brasil

O Ministério da Saúde prevê que a vacinação contra a dengue deve começar ainda durante o mês de fevereiro, para crianças e adolescentes de 10 a 14 anos. Conforme a pasta, 521 municípios de 16 estados e o Distrito Federal preenchem os requisitos para o início de vacinação. É estimado que cerca de 3,2 milhões de pessoas devam ser imunizadas neste ano. 

Além da vacinação, o Ministério da Saúde recomenda que medidas simples implementadas na rotina, possam ajudar na eliminação do mosquito. São indicadas as seguintes ações: evitar deixar água parada em recipientes ao ar livre (potes, garrafas ou outros recipientes que possam coletar água), cobrir adequadamente os tanques e reservatórios de água para manter os mosquitos afastados e evitar acumular lixo. 

O médico infectologista Fernando Chagas diz que a vacina surge como uma alternativa, já que não há um remédio específico para tratar a doença.

“Nós não temos medicamentos específicos contra o vírus da dengue. Então, as medidas que tomávamos sempre foram no sentido de controlar o vetor de transmissão, o mosquito Aedes aegypti. E combater um inseto com a capacidade de adaptação tão grande acaba sendo muito difícil. Por isso, sempre a gente acaba perdendo esta batalha”, explica. 

O infectologista explica que a vacina contra a dengue é uma estratégia que pode auxiliar no combate à doença e frear não só o avanço de número de casos, como também o número de mortes.

“A vacina acaba entrando com uma estratégia voltada diretamente contra o vírus, que se somada à estratégia que nós já temos contra o mosquito vetor, muito provavelmente a gente vai ter um impacto muito positivo, uma diminuição muito grande de não só novos casos, como também de mortes por dengue em todo o país nos próximos anos”, destaca.
 



Fonte: Brasil 61

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