Um alerta para pais e responsáveis. No Brasil, uma em cada 3 crianças têm sobrepeso. E o quadro fica ainda mais grave ao descobrir que, até 2035, mais de 750 milhões de crianças e jovens adolescentes deverão viver com sobrepeso e obesidade no mundo. A estimativa é da Federação Mundial de Obesidade (World Obesity Federation - WOF), ao divulgar a sexta edição do Novo Atlas Mundial da Obesidade 2024.
Contrariar a diretriz de que uma alimentação saudável para crianças, principalmente nos primeiros anos de vida, pode provocar danos a longo prazo na saúde dos pequenos, é contribuir para que as taxas de obesidade e doenças consequentes desse quadro aumentem. A opinião é do médico pós-graduado em nutrologia Yure Elias.
“Quando a gente fala de uma alimentação saudável, a gente está falando de alimentos que tendem a melhorar a longevidade, tendem a melhorar a qualidade de vida, a disposição, a parte cognitiva das pessoas — e, também, a gente está evitando certos tipos de alimentos que podem estar piorando tudo isso”, analisa.
A ingestão de alimentos ricos em açúcares e gordura antes dos 2 anos, por exemplo, pode ser desastroso para o futuro dessa criança. Segundo o Ministério da Saúde, os números mostram isso. Só no ano passado, o Brasil registrou excesso de peso em mais de 3,1 milhões crianças — conforme relatório do Sistema de Vigilância Alimentar e Nutricional (Sisvan) do Ministério da Saúde.
Quem mais sofre
De acordo com o Atlas Mundial da Obesidade 2024, o público mais afetado está na faixa etária entre 5 e 19 anos. Os dados são obtidos através da medição do índice de massa corporal (IMC). A maioria vive em países de renda média. O estudo aponta que países com economias em expansão têm também aumentos rápidos na prevalência de excesso de peso, embora em níveis baixos.
O Ministério da Saúde (MS) estabeleceu metas para serem alcançadas com base nas escolhas alimentares mais saudáveis. O conteúdo está no “Plano de Ações Estratégicas para o Enfrentamento das Doenças Crônicas Não Transmissíveis (DCNT) no Brasil 2021-2030”. Reduzir em 1/3 a mortalidade prematura (30-69 anos) por DCNT; deter o crescimento da obesidade na população adulta e reduzir em 2% a obesidade em crianças — são apenas alguns desses objetivos propostos.
O médico Yure Elias mostra preocupação com a quantidade de crianças acima do peso e alerta pais e responsáveis.
“Na prática, as doenças que a gente mais vê são, sem dúvida, colesterol alto, hipercolesterolemia, hipertensão arterial sistêmica e o diabetes. São as três patologias que a gente acaba mais vendo ali com uma relação íntima com a alimentação. São doenças que, de primeira linha, a gente tenta uma mudança do estilo de vida do paciente para fazer o tratamento. Então, a gente está falando ali de mudança principalmente relacionada à alimentação”, destaca.
A moradora do Rio de Janeiro Elenir Rosa de Azevedo tem 67 anos e é aposentada. Ela é mãe de 3 filhos, tem 3 netos e revela que sempre se preocupou com a saúde das crianças. Por conta disso, diz que, durante muito tempo, cozinhou sozinha todas as refeições para equilibrar os alimentos e a quantidade de sal a ser ingerida.
“Sempre tive a preocupação com uma boa alimentação. Trabalhando com crianças e mãe de três filhos e três netos, busquei priorizar uma alimentação saudável, pois assim estaria contribuindo para a boa formação da saúde das crianças, possibilitando um crescimento sadio. Esses bons alimentos são fundamentais para um bom desenvolvimento e fortalecimento de sua saúde”, reforça.
Segundo o MS, as metas do Plano de Ações orientarão as áreas por uma década, com perspectiva de tornarem-se pontos de interlocução entre as esferas de gestão do SUS, apoio para a definição de subsídios técnicos e financeiros para a vigilância em saúde para fortalecê-la nas áreas de Atenção Primária à Saúde, Atenção Especializada, Ciência e Tecnologia e Gestão do Trabalho e Educação em Saúde no Sistema Único de Saúde.
Fonte: Brasil 61